Literatura e Publicidade no Pré-Modernismo Brasileiro: uma Introdução

Literatura e Publicidade no Pré-Modernismo Brasileiro: uma Introdução

1.283 visualizações 27 downloads

Detalhes

  • Categoria: Literatura
  • Autores: Maurício Silva
  • Quantidade de Páginas: 4
  • Data de Inclusão: 27/11/2016
  • Formato do Arquivo: PDF
  • Tamanho do Arquivo: 75 KB

A história da leitura pré-modernista no Brasil é feita de capítulos ainda pouco estudados: a relação entre literatura e publicidade na virada do século XIX para o XX é, nesse sentido, um dos que costumam passar à margem dessa história, a despeito de ser ela um dos fatores que permitem delinear o arcabouço cultural do sistema literário vigente no período. Atuando de modo determinante no fortalecimento do hábito de leitura e na própria formação do leitor brasileiro, na prosperidade do complexo editorial moderno e no desenvolvimento de uma literatura pretensamente autônoma, a publicidade pode ser vista como fenômeno sociocultural que serve de argumento privilegiado à constituição do que se convencionou denominar República das Letras. Neste sentido, a relação aqui aludida manifesta-se, principalmente, de duas maneiras no cenário cultural brasileiro: como recurso de divulgação de autores e obras de literatura, instituindo estratégias de legitimação e visibilidade social, portanto numa relação em que a publicidade coloca-se a serviço da literatura; e como o emprego da literatura com finalidades publicitárias, por meio do qual se produzem uma série de peças literárias – sobretudo poemas – esteticamente canhestros e de eficácia duvidosa, numa relação em que a literatura coloca-se a serviço da publicidade. Não se deve descartar, na apreciação desse assunto, cuja complexidade vai além dos esboços críticos que aqui pretendemos apresentar, um fenômeno imprescindível à compreensão da dinâmica publicitária do período: trata-se do impacto da tecnologia na vida social e cultural do Brasil, na medida em que tal impacto teria incidência direta nas práticas de leitura e, conseqüentemente, nas estratégias relacionadas à publicidade pré-modernista. Basta lembrar, dentro deste contexto, de efeitos como o reaquecimento do mercado editorial, a implementação de novos hábitos de leitura, uma maior divulgação da literatura aqui produzida, o aparecimento das primeiras edições populares ou a publicação de obra com grandes tiragens, consagrando os nossos primeiros best-sellers, como Afrânio Peixoto (A Esfinge, 1908), Monteiro Lobato (Urupês, 1918) ou Benjamim Costallat (Mlle. Cinema, 1923) (cf.: BROCA, 1960; e SODRÉ, 1977). Daí decorre também o fato de praticamente todo o complexo editorial brasileiro – considerado, de forma resumida, como o conjunto de agentes integrados na produção material do livro, indo das oficinas gráficas e das editoras às livrarias e aos distribuidores – se concentrar nos grandes centros urbanos, os quais acabavam desfrutando do e, por outro lado, incentivando o desenvolvimento tecnológico do país (HALLEWELL, 1985).

Comente Aqui

Subir ao topo